Por Thiago Benevenutte — Rio de Janeiro

Os números já chamavam a atenção antes mesmo do início da fase de grupos da Libertadores: em seis jogos disputados pelo Barcelona de Guayaquil, Fidel Martínez já somava oito gols marcados no torneio, apenas um a menos que Gabigol, artilheiro ao fim da edição de 2019. Em grande fase na temporada, o atacante de 30 anos é a principal arma do time equatoriano contra o Flamengo, nesta quarta-feira, pela segunda rodada.

Mas não é a primeira vez que Fidel Francisco Martínez Tenorio consegue destaque no continente. Membro do elenco do Tijuana que eliminou o Palmeiras e deu trabalho ao Atlético-MG em 2013, ele já foi apelidado pela imprensa como “Neymar equatoriano” – baseado pela aparência física da época, mas também pelo estilo de jogo e como esperança do país na seleção.

E o Brasil fez parte da trajetória de Fidel bem antes de sua estreia em Libertadores. Em 2008, com apenas 18 anos, ele despertou interesse do Cruzeiro, que o contratou para as categorias de base. A passagem, porém, foi breve. Conheça um pouco da trajetória do atacante:

Elogios de técnico e problemas com a noite em Minas Gerais

Medalhista de ouro com o Equador no Pan do Rio de Janeiro em 2007, Fidel foi observado pelo Cruzeiro e contratado para integrar as categorias de base do clube no ano seguinte, “apadrinhado” pelo experiente zagueiro Giovanny Espinoza. Enderson Moreira, seu treinador na época, foi só elogios ao lembrar da chegada do jogador ao clube mineiro.

Fidel Martínez com a camisa do Cruzeiro em torneio de base — Foto: Reprodução

Fidel Martínez com a camisa do Cruzeiro em torneio de base — Foto: Reprodução

– Não me deu problema nenhum, muito pelo contrário. Foi muito importante para uma conquista que tivemos em Amsterdã e estava fazendo uma temporada muito boa. Sempre mostrou um faro de gol espetacular, jogador que sempre acreditou muito. Não sendo centroavante, chegava muito na área para finalizar. Isso sempre chamou atenção em função dos gols que sempre fez.

– Foi um jogador que se adaptou rapidamente aos atletas do Cruzeiro. Sempre um ótimo astral, alegre para poder participar dos treinamentos. Minha experiência com ele foi ótima – concluiu Enderson, que deixou o Cruzeiro meses antes de Fidel.

Por outro lado, Dimas Fonseca, diretor da base do clube na época, contou que um fator fez com que Fidel caísse de rendimento e tivesse o contrato rescindido em alguns meses, antes de ter chance no time profissional: a noite de Belo Horizonte.

– No início ele estava muito bem, mas depois caiu muito o rendimento. Quando estava se aproximando da data de efetivar a aquisição ele não estava bem. Aí o clube preferiu liberá-lo. Acredito que (o problema com a noite) foi o que o levou a cair tanto no rendimento.

Incômodo com comparação a Neymar

Após tentativa frustrada de seguir no futebol brasileiro – atuou pela Caldense -, Fidel voltou ao Equador, onde vestiu a camisa do Deportivo Quito por três temporadas. Em 2012, veio o primeiro momento de destaque fora de seu país, quando assinou com o Tijuana e foi campeão mexicano.

Em 2013, Fidel comandava o ataque do Tijuana ao lado de Riascos e ostentava um cabelo “pica-pau” parecido com o de Neymar na época. As comparações começaram, principalmente após duelos contra Corinthians, Palmeiras e Atlético-MG, mas não agradavam o atacante.

– Sou o Fidel, e é assim que quero marcar minha história no futebol. Neymar é um grande jogador, admito que me inspiro nele, mas somos diferentes – disse após vitória por 1 a 0 sobre o Corinthians naquela edição.

Fidel Martínez com o visual "pica-pau" dos tempos de Tijuana — Foto: Alejandro Gutiérrez Mora/LatinContent

Fidel Martínez com o visual “pica-pau” dos tempos de Tijuana — Foto: Alejandro Gutiérrez Mora/LatinContent

Sua história no futebol prosseguiu por mais alguns anos no México – ainda vestiu as camisas de Leones Negros, Pumas e Atlas -, passou pelo Peñarol em 2018 e chegou até o Barcelona de Guayaquil em 2019. Pela seleção equatoriana, marcou sete gols em 30 jogos e esteve nas convocações para Copa do Mundo em 2014 e Copas Américas em 2015 e 2016.

Ótimos números pelo continente

Fidel Martínez tem um aproveitamento muito bom quando o assunto é Libertadores. Em sua quinta participação, ele chega ao topo da artilharia – de forma isolada – pela primeira vez, mas alcança uma interessante média de um gol a cada dois jogos. Ao todo, desde 2012, foram 18 bolas na rede em 36 partidas realizadas.

CONMEBOL Libertadores

@LibertadoresBR

🔥 Os 1⃣8⃣ gols de Fidel Martínez na ! Ele é o segundo maior goleador equatoriano na história da Copa, só atrás de de Alberto Spencer (5⃣4⃣).

🇪🇨 Na edição de 2020, o atacante do @BarcelonaSC fez 8⃣ gols em 6⃣ partidas.

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Gols de Fidel Martínez em Libertadores

Edição Clube Jogos Gols Vítimas
2012 DEPORTIVO QUITO (EQU) 8 3 Vélez Sarsfield, Chivas e Universidad de Chile
2013 TIJUANA (MEX) 10 4 San José (2x), Millonarios e Atlético-MG
2016 PUMAS (MEX) 10 3 Emelec (2x) e Independiente Del Valle
2018 PEÑAROL (URU) 1 0
2020 BARCELONA (EQU) 7 8 Progreso (2x), Sporting Cristal (3x) e Cerro Porteño (3x)

Apenas um jogador brasileiro tem mais gols que Fidel na competição neste século: Ricardo Oliveira, que fez 19 com as camisas de São Paulo, Santos e Atlético-MG. Nesta quarta, do outro lado, às 21h30 no Maracanã, estará um camisa 9 que pode caminhar para figurar bem neste ranking: Gabigol.

Brasileiros com mais gols em Libertadores no século XXI:

  1. Ricardo Oliveira (São Paulo, Santos e Atlético-MG) – 19
  2. Fred (Fluminense, Atlético-MG e Cruzeiro) – 18
  3. Robinho (Santos e Atlético-MG) – 17
  4. Leandro Damião (Internacional e Cruzeiro) e Rafael Sobis (Internacional, Tigres-MEX, Fluminense e Cruzeiro)

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