Por Evelyn Rodrigues — Las Vegas, EUA

– A gente ficou sabendo que, se não tivesse a luta, o evento cairia! Então foi a maior responsa também, porque imaginei: está todo mundo em quarentena, um momento difícil para todo mundo, muita gente está esperando receber essa grana e trabalhar. Essa responsa caiu no meu colo, praticamente! Quero que a galera lute! Até agora não ofereceram ninguém, mas eu vou pegar quem vier. Foi uma benção o Paul Felder ter aceitado a luta, um cara mais bem ranqueado. O Makhachev é canhoto e um wrestler, o Paul Felder destro e striker, mudou um pouco, mas na hora ali luta é luta e vai dar tudo certo – disse Dos Anjos em entrevista ao Combate.

A notícia da saída de Makhachev – que treina junto com o campeão dos leves Khabib Nurmagomedov – abriu uma série de discussões sobre o futuro de Dos Anjos no próximo sábado. Ele ressaltou a necessidade de manter o duelo na categoria até 70kg, apesar das inúmeras ofertas de rivais no meio-médio (até 77kg).

– Cheguei duas semanas antes da luta (nos EUA). No domingo à noite, o meu empresário Giovanni (Biscardi) me ligou: “Cara, acabei de receber uma notícia aqui de que o Islam está fora da luta”. Não acreditei, demorou até a ficha cair. Aí a gente começou as negociações, várias pessoas se oferecendo, a gente procurando o melhor caminho. “Você luta de 77kg?” Eu já estava com 77kg, até menos, então não tem como eu pegar um cara meio-médio assim. Estou treinando, quero mostrar que vim para o peso-leve de novo e tenho condição de pegar o cinturão de novo, quero lutar contra um peso-leve. Tive a ideia de mandar um tweet para o Michael Chandler, porque há três semanas ele não lutou e pesou, e está sempre postando fotos e vídeos treinando, com algumas frases de efeito: “Esteja sempre pronto”. Pensei, é ele! O cara está sempre em forma. Mandei, aí falou que tinha outros planos, e foi quando o UFC veio com o nome do Paul Felder, que já era uma luta que a gente estava planejando para agosto deste ano. Só que meu peso não estava no ponto ainda e não rolou a luta. Eles vieram com o Makhachev depois de um tempo, mas acabou que vai rolar com o Paul Felder este sábado.

– Acho que todos esses lutadores que estão no top 5 foram campeões interinos: o Tony Ferguson foi interino, o Dustin Poirier, o Gaethje, e esses caras, com exceção do Tony Ferguson, foram finalizados pelo Khabib. Não foi luta dura, foram simplesmente finalizados. Acho que eu e o Conor McGregor somos os últimos realmente campeões da categoria. Lógico, o foco é totalmente no Felder agora, mas voltando bem, em grande estilo, provando que estou bem no peso-leve, pode dar uma alavancada boa. Com esse argumento, acho que uma luta com o Conor pode ser uma boa.

A luta entre Dos Anjos e Conor McGregor aconteceria no dia 5 de março de 2016, quando o brasileiro colocaria o cinturão dos leves em jogo diante do então campeão dos penas. Mas o lutador niteroiense quebrou o pé dias antes da luta, e ela nunca mais aconteceu. Mas ele ainda sonho encarar o irlandês.

Rafael dos Anjos é dono de um cartel com 29 vitórias e 13 derrotas. No meio-médio (até 77kg), somou quatro vitórias e quatro derrotas antes de retornar agora para os leves. O brasileiro venceu apenas uma de suas cinco últimas lutas, tendo vencido Kevin Lee e perdido para Colby Covington, Kamaru Usman, Leon Edwards e Michael Chiesa.

Rafael dos Anjos vem de duas derrotas seguidas, a última delas para Michael Chiesa — Foto: Getty Images

Rafael dos Anjos vem de duas derrotas seguidas, a última delas para Michael Chiesa — Foto: Getty Images

Confira outros trechos da entrevista de Rafael dos Anjos:

Decisão de vir fazer camp no Brasil

– Foi uma das melhores coisas que eu fiz. As crianças estavam com esse negócio de quarentena, a gente em casa o tempo todo, eu estava meio sem treino por aqui, e falei: “Quer saber? Vamos fazer uma mudança.” Foi coisa de um dia para o outro. A ideia veio, falei com o Dedé (Pederneiras, treinador da Nova União), chegou de noite e já comprei a passagem. E foi exatamente o que estava procurando. Os treinos foram ótimos, muito sparring duro, o médico ali do teu lado te acompanhando, o preparador físico… Acho que é uma das primeiras vezes na minha vida que me senti fazendo um camp. O Dedé é um cara excepcional para isso, ele fica bem envolvido no camp e já dá um feedback para todo mundo. Foi ótimo, eu não podia pedir por um camp melhor. Mas, infelizmente, a gente ficou doente e a luta foi cancelada, mas o treino foi feito.

Importância de Dedé Pederneiras

– O Dedé é um cara que se envolve muito, te dá várias dicas do que deve fazer, e já tirou uma pressão muito grande de mim coordenando tudo nos treinos e dentro do cage. Estava sentindo que eu estava um pouco sem estratégia nas minhas lutas, tudo desenrolava no meio da luta. Quando cheguei no Rio, a primeira coisa que a gente fez foi o Dedé chegar com os treinadores, com papel e computador aberto na nossa frente, vendo as lutas do cara, fazendo anotações, e isso tem uma interferência grande na luta, estudar o adversário. Me senti seguro. Fora o treino, bom pra caramba, puxei o gás forte. Consegui treinar com meu preparador físico, o Paulo Caruso, que é um cara que eu confio muito, treinei com ele anos no Brasil.

Batalha contra a Covid-19

– Senti muita dor no corpo, porque me pegou numa semana que estava puxando muito forte. Era minha última semana de treino muito forte e me pegou nessa fase. A minha mãe pegou primeiro, ela estava lá em casa, tem 60 anos, é hipertensa, está acima do peso, e eu fiquei preocupado. Foi umas três semanas antes de mim. Mas ela ficou mais tranquila do que todo mundo. É loucura isso, de ver que ela ficou mais tranquila. Eu estava com muita dor no corpo, dor nas pernas, dor de cabeça, fiquei uns três dias mal. A Cris acabou no hospital com muita tosse, muita dor também. As crianças não tiveram nada, mas foi uma fase ruim.

Estratégia contra Paul Felder

– Ele é striker, bem técnico em pé. Acho que o jogo para mim é realmente manter ele bem ocupado, tentar umas quedas, fazê-lo gastar um pouco de força na isometria, e não ter pressa. Por ele ter pego a luta muito em cima, se ele for lutar cinco rounds lutará num ritmo mais lento, ou vai entrar para definir. É isso que a gente está imaginando, mas cabe a mim imprimir meu jogo. Treinei para isso. Estou bem condicionado e mal posso esperar por sábado à noite.

Nova dieta no peso-leve

– Acho que será uma boa oportunidade para mostrar minha nova versão. Estou sentindo como se estivesse na forma que estava quando lutei com o Anthony Pettis (em 2015, na luta em que foi campeão). Minha última luta foi em janeiro, estou bem focado na dieta, sempre treinando, e consegui reduzir meu peso. Normalmente, ficava no dia a dia com 87kg, 88kg, às vezes até 90kg, até mais, e consegui reduzir minha massa corporal para 80kg direto. Mudei, não tem essa de sair da dieta um dia. É viver de dieta, adquiri esse hábito e estou muito bem, estou confiante para sábado.

Combate transmite o “UFC Felder x Dos Anjos” ao vivo, na íntegra e com exclusividade neste sábado, com o “Aquecimento Combate” a partir de 17h30 (de Brasília), e o início das lutas a partir de 18h. O Combate.com e o SporTV 3 mostram as duas primeiras lutas ao vivo, e o site acompanha todo o evento em Tempo Real.

14 de novembro de 2020, em Las Vegas (EUA)
CARD PRINCIPAL (21h, horário de Brasília):
Peso-leve: Paul Felder x Rafael dos Anjos
Peso-meio-médio: Abdul Razak Alhassan x Khaos Williams
Peso-médio: Julian Marquez x Saparbeg Safarov
Peso-palha: Kay Hansen x Cory McKenna
Peso-médio: Antônio Arroyo x Eryk Anders
Peso-casado (até 88,5kg): Brendan Allen x Sean Strickland
CARD PRELIMINAR (18h, horário de Brasília):
Peso-palha: Ashley Yoder x Miranda Granger
Peso-meio-médio: Alex Morono x Rhys McKee
Peso-galo: Louis Smolka x José Alberto Quiñonez
Peso-palha: Randa Markos x Kanako Murata
Peso-galo: Tony Gravely x Geraldo de Freitas
Peso-pesado: Don’Tale Mayes x Roque Martinez

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